Recentemente, muito tem se falado sobre viroses que estão atingindo pessoas principalmente no litoral de São Paulo. Há um surto que vem provocando sintomas como diarreia, vômitos, náuseas e febre. Com o verão, certos problemas são mais comuns de ocorrer, sobretudo devido à falta de acondicionamento adequado de alimentos. Isso afeta também os bichos de estimação, ainda mais aqueles que acompanham tutores em temporada de férias.

Fabiana Volkweis, professora de medicina veterinária do Centro Universitário de Brasília (Ceub), fala sobre viroses em pets e picadas de pernilongos e outros insetos, que tendem a proliferar no verão.

IstoÉ Pet – Os bichos de estimação também podem ser acometidos por viroses que aparecem mais no verão?

Fabiana Volkweis – Eles podem desenvolver viroses em qualquer estação, especialmente se não estão vacinados e expostos a vírus. É importante destacar que há vacinas disponíveis para as viroses mais graves que acometem os cães. Antes de viajar, garanta que o protocolo vacinal do animal esteja atualizado. Filhotes precisam de uma sequência de vacinas de acordo com a idade para alcançar imunização ideal. Se o protocolo vacinal ainda não estiver concluído, evite passeios e o contato com outros animais, pois o filhote estará vulnerável.

IstoÉ Pet – E se os bichos de estimação forem passar uma temporada na praia junto com os tutores? Que tipo de problema de saúde ele pode ter?

Fabiana – Ao viajar para a praia com seus pets, é importante evitar exposição solar nos horários mais quentes, pois isso pode causar desidratação, queimaduras nos coxins e até insolação. Mantenha o animal hidratado com água fresca e potável, oferecida frequentemente. Use protetor solar específico para pets, com fator de proteção superior a 30, aplicado nas áreas expostas 30 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada 12 horas. É importante certificar se o protocolo vacinal está completo para evitar viroses graves. Evite mudanças bruscas na dieta, como restos de churrasco e alimentos temperados para prevenir problemas gastrointestinais. Consulte um veterinário para avaliar o risco de males como a dirofilariose (conhecida também como “doença do verme do coração”; é transmitida por mosquitos infectados dos gêneros Aedes, Culex e Anopheles). Ela é mais comum em épocas de calor, quando há mais mosquitos, especialmente em regiões litorâneas, onde essa condição é prevalente, como Rio de Janeiro, São Luís e algumas áreas de Santa Catarina.

IstoÉ Pet – Cuidados com a qualidade da água e a comida devem ser ainda mais rigorosos nessa época? É preciso prestar mais atenção nos alimentos, já que se estragam mais facilmente?

Fabiana – Sim, é fundamental ter cuidado com alimentos que possam perecer, como os preparados de forma caseira. Alimentos mal refrigerados podem favorecer o crescimento de bactérias, o que pode causar intoxicação alimentar nos pets. Dê preferência a rações e alimentos que não se estraguem facilmente. Mantenha-os protegidos do sol e em local fresco. Para aliviar o calor, ofereça bastante água fresca, além de alternativas como água de coco ou picolés específicos para cães, que ajudam a hidratar e refrescar.

IstoÉ Pet – Quem viaja com seus pets para a praia, além de cuidados com a proteção solar e a hidratação, deve pensar em trocar o pote de água mais vezes? Em levar comida de casa acondicionada de uma maneira diferente?

Fabiana – A água deve estar sempre fresca. Em dias muito quentes, é recomendável trocá-la várias vezes ao dia. Na praia, o pote pode ficar sujo com areia. Por isso, é ideal mantê-lo elevado e oferecer a água diretamente ao animal. Evite que o cão beba água do mar devido ao excesso de sal, que pode causar desidratação e problemas de saúde. A comida deve ser armazenada adequadamente, de preferência refrigerada, e protegida da exposição ao sol.

IstoÉ Pet – E se o bicho começar a ter diarreia, o que é preciso fazer? Em que situação procurar o veterinário?

Fabiana – Se o pet apresentar um episódio isolado de diarreia, mantenha-o hidratado e evite mudanças alimentares. No entanto, se ela persistir, leve o animal ao veterinário, pois esse sintoma pode ter diversas causas, desde intoxicações alimentares até doenças mais graves.

IstoÉ Pet – No verão também há mais pernilongos. E a situação pode ser pior, caso a família viaje para um ambiente com muita mata. Pernilongos e borrachudos perturbam mais os pets? Eles podem ficar doentes por causa das picadas? Há repelentes próprios? Há soluções naturais?

Fabiana – Assim como os humanos, os pets podem contrair doenças transmitidas por mosquitos, como leishmaniose (pelo flebótomo, ou mosquito-palha) e dirofilariose (causada por vermes transmitidos por mosquitos como Aedes, Anopheles e Culex). A exposição ao risco depende da região, mas existem formas de prevenção, como coleiras, medicamentos tópicos e repelentes específicos para pets. Há também repelentes naturais, mas a eficácia deles contra certos vetores deve ser avaliada com um veterinário. Antes de viajar, consulte o veterinário para escolher a melhor forma de proteção para seu pet.