28/12/2024 - 10:21
Assim como os humanos, pets podem salvar vidas ao doar sangue. No caso de cães, uma doação é capaz de beneficiar até quatro vidas. Quanto aos gatos, o ato pode salvar dois felinos.
A doação de sangue é uma prática fundamental para o tratamento de diversas doenças e para a recuperação de animais acidentados ou que passaram por cirurgia. O procedimento é seguro e não traz qualquer risco para a saúde do doador.
Quem explica como é o processo e que animais podem doar sangue é a médica veterinária hematologista Simone Gonçalves, diretora do Hemovet. Fundada em 2005, a instituição é um hemocentro e banco de sangue veterinário que, ao longo de sua existência, contou com a solidariedade de pets doadores para salvar mais de 15 mil bichos.
– Como funciona o processo de doação – O processo é simples e seguro. É importante lembrar que, para se tornar um doador, o pet deve cumprir alguns requisitos básicos, como estar com a vacinação atualizada e a saúde estável. A coleta, em si, é realizada de forma rápida e indolor. O procedimento dura cerca de cinco minutos. O sangue coletado é armazenado para atendimentos de emergência.
– Benefícios – O banco de sangue veterinário é fonte de esperança. Todos os dias, diversos pets passam por transfusões para tratar problemas como anemia, males transmitidos por pulgas e carrapatos, doença renal crônica e enfermidades autoimunes. São pacientes que dependem de doadores para um tratamento consistente, recuperando a saúde e qualidade de vida. Além disso, o sangue armazenado é fundamental para casos de emergência. Diariamente, chegam aos hospitais veterinários cachorros ou gatos que passaram por acidentes. Atropelamentos, brigas com outros animais e até picadas de cobras são ocorrências em que a transfusão de sangue pode ser vital. Pacientes com câncer também podem se beneficiar. Alguns tipos de tumores, como os de mama, são tratados via procedimento cirúrgico, e o acesso ao banco de sangue é fundamental para a recuperação do pet.
– Exames necessários antes da doação – O pet precisa passar por exames para garantir que está com a saúde estável e minimizar qualquer risco de transmissão de doenças. Como cães e gatos possuem vários grupos sanguíneos diferentes, esse processo também identifica qual é o principal tipo do seu pet. A avaliação periódica é importante para garantir a saúde e identificar possíveis problemas antes que eles se desenvolvam. Algumas doenças detectadas pelos exames, como a dirofilariose, podem ficar assintomáticas por muito tempo, dificultando o diagnóstico. Quando são identificadas de forma precoce em um check-up, as chances de sucesso no tratamento aumentam consideravelmente. No Hemovet, o pet doador recebe, como cortesia, um check-up completo com todos os exames necessários.
– Para cães:
• Hemograma completo: para detectar anemias e infecções assintomáticas;
• Função renal: avalia ureia e creatinina para checar a saúde dos rins;
• Função hepática: avalia a saúde do fígado;
• Leshmaniose (IFI): verifica a presença da doença infecciosa transmitida por mosquito;
• Dirofilariose: verifica a presença da doença grave causada pelo verme do coração;
• Ehrlichia canis: detecta a doença transmitida por carrapatos, assintomática por até 5 anos;
• Hepatozoon e Lyme: identifica as doenças causadas por carrapatos;
• Babesia spp: testa o pet para a doença babesiose;
• Brucelose: checa a enfermidade transmitida no acasalamento, que pode causar sintomas graves.
• PCR Micoplasmose: detecta a doença que pode provocar anemia intensa.
– Para gatos:
• Hemograma completo: para detectar anemias e infecções assintomáticas;
• Função renal: avalia ureia e creatinina para checar a saúde dos rins;
• Função hepática: avalia a saúde do fígado;
• Sorologia e PCR DNA pró viral para Fiv- identifica imunodeficiência viral felina, que pode causar tumores e baixa imunidade;
• Sorologia e PCR pró viral para FELV: verifica leucemia viral felina, que também pode resultar em tumores e baixa imunidade;
• PCR Micoplasmose: detecta a doença que pode provocar anemia intensa;
• Bartonella spp: detecta a bactéria que causa a “doença da arranhadura do gato”.
– Quem pode ser um doador de sangue – Requisitos para cães doarem sangue: idade entre 1 e 8 anos; peso mínimo de 27kg; temperamento dócil; vacinação e vermifugação atualizadas; fêmeas não podem estar prenhas, amamentando ou no cio; controle de pulgas e carrapatos; não apresentar doença ou transfusão prévia. Requisitos para gatos doarem sangue: temperamento dócil; peso mínimo de 4kg; idade entre 1 e 8 anos; vacinação e vermifugação atualizadas; controle de pulgas e carrapatos; não apresentar doença ou transfusão prévia.
– Como preparar seu bicho para doar – Se o seu pet cumpre os requisitos e está apto para doar, basta agendar seu ato de solidariedade. A única recomendação é, se possível, manter o pet em jejum por 4 horas antes da doação. Isso evita o acúmulo de gordura no sangue, que pode comprometer alguns componentes sanguíneos.
