Divulgado recentemente, um relatório global da consultoria norte-americana Grand View Research dá a dimensão do problema da obesidade em pets. O desafio é imenso para tutores, médicos veterinários e outros especialistas que atuam no controle de peso dos bichos de estimação. Hoje, o mercado que reúne os tratamentos e as estratégias para evitar a engorda excessiva de cachorros e gatos movimenta US$ 10,38 bilhões. A expectativa é que ele cresça a uma taxa composta anual (CAGR) de 6,5% até 2030, chegando a US$ 14,5 bilhões.

O crescimento do mercado está atrelado ao aumento da obesidade nos animais de estimação, um problema que se observa globalmente. Nos Estados Unidos, de acordo com a Association for Pet Obesity Prevention (APOP), 59% dos cães estavam com sobrepeso ou obesos em 2022. Segundo a Global Animal Health Association, existem 85 milhões de cachorros nos EUA. O índice de sobrepeso e obesidade em gatos no país é ainda maior: 61%.

Na Europa, um estudo de 2018 apontou que 32% dos cães eram considerados acima do peso ou obesos. Descobriu-se também que muitos tutores subestimavam o problema.

Os dados referentes ao Brasil mostram que o setor de gerenciamento da obesidade – como ele é chamado no relatório – obteve receita de USS 303,3 milhões in 2023. A perspectiva é que o segmento fature US$ 447 milhões em 2030.

A expansão do mercado tem outros fatores envolvidos, como o envelhecimento dos pets, a maior presença dos bichos nos lares, a popularização dos planos de seguro e saúde e o aumento de visitas aos veterinários. Além disso, há a própria evolução da indústria, que oferece mais tratamentos e abordagens.

Com tutores mais atentos à necessidade de cuidados veterinários para combater a obesidade, a demanda por alimentos terapêuticos cresceu também. De fato, essa área é o grande destaque do setor. Em 2024, os alimentos terapêuticos tiveram uma participação pouco acima de 89% no segmento.

Entre os recursos disponíveis atualmente estão medicamentos, treinamento e exercícios, programas de bem-estar, fisiatria, fisioterapia e tecnologia que ajuda a gerenciar o peso. No Reino Unido, a empresa PitPat desenvolveu um monitor de atividades para cães. Ele fica preso à coleira e mede a quantidade de exercícios do cachorro, o que pode ser conferido remotamente pelo dono.

O relatório traz mais duas questões que chamam atenção: a falta de conscientização sobre os riscos à saúde ligados à obesidade e o fator econômico. Um estudo de 2020 feito com brasileiros examinou a compreensão dos tutores sobre os quilos a mais de seus bichos. Segundo o trabalho, 34% dos cachorros examinados estavam acima do peso e 14% eram obesos. Quase 96% dos tutores concordaram a respeito da avaliação sobre o peso do animal; no entanto, apenas 20% sentiram a necessidade de procurar profissionais especializados para cuidar do problema. A principal preocupação se referia a altos custos potenciais do tratamento.