Com o fim de ano chegando, muitas famílias se preparam para aproveitar o período de férias escolares e viajar com filhos e pets. Quem não tem crianças em casa também curte tirar uns dias para descansar no período, levando junto seu companheiro peludo.

Há também outros motivos de viagem, como mudança de cidade. Em qualquer situação, é fundamental organizar a vida para que o bicho de estimação tenha a documentação em ordem e os cuidados de traslado sejam os mais adequados para o conforto e bem-estar do animal de estimação.

As orientações são do veterinário Marcelo Quinzani, gerente de Client Experience da rede de hospitais Pet Care e especialista em viagens com pets. A antecedência do planejamento vai depender da região para onde o bicho irá e se ele conta com alguns exames válidos feitos anteriormente.

Viagem para outro país:

1. Para todas as regiões da União Europeia e Grã-Bretanha (que exigem o exame de sorologia de raiva) – O tempo mínimo de preparo é de quatro meses de antecedência. Para esses países, é necessário colocar microchip, ter a vacinação antirrábica 30 dias antes da coleta de sorologia (exame de sangue que verifica se há anticorpos contra o vírus da raiva), fazer a coleta e depois esperar três meses, no mínimo, para embarcar. Feita a sorologia, ela é válida para toda a vida do animal, desde que receba os reforços anuais da vacina antirrábica na data correta.

2. Para os EUA – Exige o exame de sorologia de raiva. É preciso microchip, vacina (30 dias antes da coleta do teste) e sorologia, porém, o tempo de espera para o embarque é menor que o da Europa: 28 dias. O exame de sorologia de raiva vale por um ano.

3. Coreia do Sul e Israel – Exigem o mesmo processo de exame de sorologia de raiva aplicados nos EUA e na Europa (microchip, vacina e sorologia), mas não há prazo de espera. Se estiver tudo ok, o pet já pode embarcar.

4. Países que não exigem a sorologia de raiva – Recomenda-se o início do planejamento 30 dias antes da viagem. As orientações são para animais com mais de quatro meses de idade e com as vacinações em dia.

5. Países que somente exigem a vacina de raiva – O prazo mínimo entre a vacinação e a viagem é de 21 a 28 dias e o máximo é de um ano.

6. Vacina polivalente – Alguns países exigem essa vacinação para cães e gatos, além da vacina de raiva (que é obrigatória para todos os países).

7. Microchip – Hoje não é obrigatoriedade para muitos países, mas recomenda-se a colocação como medida de segurança e de real identificação do animal.

8. Entrada – Nem todos os países aceitam cães e gatos brasileiros. Austrália e Nova Zelândia estão entre eles. A alegação é que o Brasil não é considerado um país livre da doença de raiva. Se for mudar para um deles e for levar junto seu cão ou gato, deve-se iniciar o processo de viagem com pelo menos seis meses de antecedência. Esse processo envolve “exportar” o animal para um país livre da raiva. Os mais próximos são Argentina e Chile. O bicho tem de viver lá por seis meses e o tutor deve fazer o processo de entrada para Austrália e Nova Zelândia por essas regiões.

9. Documentação – Para todos os países, a exigência única é a vacina antirrábica válida (mais de 30 dias e não menos que 365 dias), atestado de saúde e documento oficial emitido pelo Ministério da Agricultura.

10. Companhia aérea – Verificadas as exigências e restrições do país para onde irá viajar e a preparação de documentos, dedique-se a escolher por qual companhia irá viajar e confira os procedimentos. Regras e restrições podem variar conforme a empresa. Exigências vão desde peso máximo para viajar na cabine, raças que não podem viajar no compartimento de carga, limites de tamanho de animais e limite de animais por voo. O preço cobrado irá depender da companhia escolhida.

Outros cuidados:

– Época de viagem (para voo internacional) – Para a grande maioria dos países do hemisfério norte existem algumas restrições para animais no compartimento de carga, a depender da estação do ano: no inverno por conta das baixas temperaturas e no verão devido às altas temperaturas, principalmente nos EUA e no Canadá. Nos períodos de férias escolares a movimentação de pessoas e animais é maior e pode haver limitação de espaço para animais nas aeronaves.

– Onde o pet vai viajar – Dependendo do tamanho, peso e da raça, o animal poderá viajar na cabine ou terá de ir em caixa de transporte no compartimento de carga. O principal fator limitante para viajar na cabine é o peso e a raça do cachorro (dependendo da companhia algumas não são permitidas). A grande maioria das companhias aceita pets com, no máximo, oito quilos (contando a caixa de transporte) para viagem junto ao tutor. Acima desse peso, os animais têm de ir no compartimento de carga. Animais braquicéfalos (de focinhos curtos) que pesam pouco mais de oito quilos podem ser liberados para viajar na cabine por algumas companhias. Se houver comprovação por documentos de o pet ser um cão de serviço ou de suporte emocional, ele também pode ficar na cabine.

– Atestado e outras vacinas para fazer a viagem – É preciso ter um atestado de saúde emitido próximo da data de viagem, fazer uso de preventivos para pulgas e carrapatos e vermifugação para parasitas intestinais. Recomenda-se que o animal esteja em dia com outras vacinas conhecidas (V10 ou polivalente, contra tosse dos canis ou gripe canina, contra giardíase para cães e tríplice felina/ clamídia para gatos). No Uruguai, há uma preocupação recente contra a leishmaniose e é exigido o teste negativo de sorologia com validade máxima de 60 dias. Lembre-se: o tempo de antecedência de preparo com vacinas vai variar de acordo com o país de destino.

– Escolha da caixa de transporte – Ela deve estar adequada ao tamanho do animal e depende do local onde vai viajar (cabine ou compartimento de cargas). A caixa deve seguir as exigências internacionais de segurança e conforto estabelecidos pela IATA. Recomenda-se comprar a caixa de transporte pelo menos dois meses antes da viagem para o bicho ir se acostumando com ela. Para isso, é importante o pet aceitar a presença da caixa no local onde vive. Além disso, é essencial que ele passe a dormir ou ficar dentro dela, como se fosse uma toca ou cama de dormir. Coloque dentro da caixa caminha, cobertores, brinquedos e, principalmente, petiscos. Use feromônios sintéticos específicos para cães e gatos. Feromônios são sinais químicos voláteis utilizados para comunicação no reino animal. Os sintéticos não são medicamento e não possuem contraindicação, mas só devem ser utilizados com prescrição veterinária. São produtos que podem auxiliar na adaptação dos pets em situações adversas, desconhecidas ou com ruídos muito altos. Eles podem minimizar o estresse causado pelas grandes viagens e pela mudança de ambiente.

– Documentação para embarque – Assim como nós, pets precisam da reserva de passagem na companhia aérea. Se o bicho puder viajar na cabine, será escolhido assento para o tutor em local adequado para a caixa de transporte. No dia da viagem, o tutor terá de apresentar os documentos do animal.

– Uma semana antes da viagem – Leve seu animal para consulta com o veterinário para ver se está tudo bem. Faça as medicações obrigatórias necessárias. Recomenda-se banho e, às vezes, corte de pelo e unhas. Peça para o veterinário o histórico de saúde do pet, que pode ser necessário no país de destino. Caso esteja indo somente de férias, basta um breve resumo para apresentar em alguma emergência.

– Monte a mala de viagem do pet que for na cabine – O check-in será de três a quatro horas antes do embarque. No dia da viagem, coloque tapete higiênico na caixa e leve mais duas unidades em uma bolsa, onde será colocada também a documentação do animal, uma caixa de lenços umedecidos para higiene, saquinhos plásticos para possíveis detritos de vômitos ou fezes, potes para comida e água. Leve quantidade de ração para duas refeições. A água deve ser solicitada aos comissários de bordo. Leve ainda cobertorzinho, brinquedos e petiscos. O animal deve usar coleira ou peitoral. É importante ter placa de identificação com nome, telefone e e-mail do tutor. No bolso lateral da caixa de transporte deve estar uma foto do animal e cópias da documentação exigida. Não esqueça de levar uma guia para a coleira. Tome cuidado extra se estiver viajando com gatos. Estressados e com medo, eles podem fugir.

– Mala de viagem para o pet que for no compartimento de carga – O embarque será, pelo menos, quatro horas antes. Assim que chegar ao aeroporto, antes de entrar na aérea de embarque, dê mais uma volta com o animal para ele defecar e urinar. Já no terminal, ele deverá estar dentro da caixa de transporte, devidamente etiquetada e seguindo os padrões estabelecidos pela IATA. As gaiolas devem oferecer conforto, ser resistentes e ter as portas trancadas para evitar acidentes e fugas durante seu manuseio. Recomenda-se a utilização de lacres plásticos. Toda gaiola deve conter uma fralda higiênica (até duas ou mais, dependendo do tamanho do animal) e recipientes de água e comida (vazios). Eles devem ser acondicionados na parte de dentro da gaiola com acesso por fora. Uma porção de ração (para uma refeição) deve ser acondicionada junto à caixa de transporte para uso durante a viagem. Os documentos também devem estar disponíveis na caixa, bem como uma foto do animal. O animal deve usar coleira e plaqueta de identificação com nome, telefone e e-mail do tutor.

– Depois do check-in – Se o animal viajar no compartimento de carga, ele irá embarcar no momento em que foram enviadas as bagagens. Ele será embarcado junto com outros animais. A temperatura do compartimento deve ser controlada para manter a temperatura ambiente agradável. Como não podem passar frio, não precisam estar de roupinha. Se o pet irá viajar na cabine, o tutor deve se dirigir à autoridade alfandegária para passar por vistoria de bagagens e identificadores de metais, levando junto o animal. Tudo que estiver na bolsa ou caixa de transporte deve ser identificado. Na cabine, a caixa com seu pet deve ser acomodada na frente da poltrona, aos pés do tutor. Durante a viagem, o animal deve permanecer dentro dela.

– Chegada ao destino – Se o pet estiver na cabine, ele irá passar pelo processo burocrático de entrada, com apresentação de documentos no momento de vistoria junto aos funcionários do ministério de agricultura local. Eles vão verificar o número do microchip com um leitor universal. Confirmando os dados e a veracidade dos documentos, o animal deve passar por uma breve avaliação por um médico veterinário e, então, deve ser liberado. Se ele viajar no compartimento de carga, o processo é mais demorado. O bicho vai ser retirado do compartimento do avião e encaminhado ao balcão da companhia aérea reservado a “cargas especiais”. Comprovada a identificação do animal e os documentos, o tutor deve se dirigir às autoridades alfandegárias para vistoria. O animal vai passar por uma checagem para verificação de documentos, microchip e estado de saúde. Durante esse tempo, o pet deve permanecer dentro da caixa de transporte.