Muitos brasileiros celebram a Páscoa. Nas casas com crianças, é comum organizar uma “caça ao ovo”. E o consumo de chocolate cresce nesta época. Nas famílias multiespécie, cada vez mais o pet é incluído em momentos especiais como este, com direito a ceias adaptadas. O ponto importante é que, neste período, os tutores devem prestar mais atenção ao chocolate, que é tóxico para cães e gatos.

A informação de que o produto é perigoso para os pets já é bastante compartilhada, porém uma embalagem pode ser esquecida em algum canto e o animal é capaz de ingerir chocolate. Em caso de intoxicação, é preciso consultar um médico veterinário para avaliar o quadro.

Por isso, se a família celebrar com ovos ou outros produtos que levam o ingrediente, é fundamental aumentar os cuidados com o bicho. Ainda mais se ele costuma fazer caras e bocas para ganhar comidinhas e tem sucesso com o truque. Ele sabe que seduz. E alguma criança ou algum visitante que não conheça o risco do chocolate pode ceder ao apelo.

“Em muitas casas, o chocolate é o grande protagonista das celebrações. Ele é um alimento altamente tóxico tanto para cães quanto para gatos, causando intoxicações que vão das mais leves até as mais severas, que podem evoluir, dependendo do grau de exposição, até para o óbito”, alerta a médica veterinária Mayara Andrade, da GranPlus, marca da BRF Pet.

A profissional ressalta, no entanto, que os pets podem e devem fazer parte das festividades das famílias. Basta adotar os cuidados necessários. “Existem formas criativas e seguras de fazer isso”, conta.

Por que os pets não podem ingerir chocolate?

Mayara esclarece algumas dúvidas que podem surgir entre tutores. A primeira delas é a razão de o alimento ser perigoso para pets. O chocolate contém teobromina e cafeína (em menor quantidade), substâncias que o organismo dos pets não consegue metabolizar adequadamente.

“Até pequenas quantidades podem causar sintomas como vômito, diarreia, tremores, aumento da frequência cardíaca. Em casos mais graves, podem surgir sintomas neurológicos”, explica. Quanto maior a porcentagem de cacau no produto, maior é a concentração de teobromina.

E se ele só lambeu o resto de chocolate em uma embalagem?

“Mesmo em quantidades pequenas, ele pode gerar sintomas gastrointestinais ou quadros de intoxicação. A reação pode variar de acordo com o peso e resposta do pet em comparação com a quantidade ingerida e teor de cacau do chocolate consumido, entre outros fatores”, reforça Mayara.

Sempre que houver contato com esse alimento, independentemente da quantidade, o ideal é entrar em contato com o médico veterinário que atende o pet e buscar orientação de como proceder. Isso é válido principalmente se ele ainda não apresentar sinais ou sintomas de intoxicação.

“Já no caso de pets sintomáticos, o indicado é procurar o serviço de atendimento médico para início do tratamento suporte, visando a reversão do quadro, sem maiores consequências à saúde e bem-estar do pet”, esclarece.

O bicho comeu! O que o veterinário irá fazer?

O tratamento inicial varia de acordo com o grau da intoxicação e da gravidade do quadro. “Por ser uma situação que apresenta sintomas inespecíficos e comuns a qualquer caso de gastroenterite, ela requer bastante prática e atenção do profissional, principalmente quando é um quadro com sintomas mais leves”, afirma Mayara.

Geralmente, o tratamento é o de suporte e é feito conforme os sintomas. Ou seja, é tratado o que o pet está apresentando. Em algumas situações, se o animal ingeriu chocolate há menos de duas horas, a depender do caso, há medicamentos que podem ser administrados e até pode ser feita a indução do vômito para diminuir a absorção de toxinas.

“Entretanto, não é indicado fazer nenhum desses procedimentos sem consulta prévia ou auxílio do médico veterinário”, ressalta Mayara. Ela esclarece que a manobra não anula a necessidade do tratamento de suporte e medicamentoso. Por isso, para cuidar do pet em uma situação como essa, é essencial o atendimento do especialista.

Inclusão segura

Como fazer para o pet participar da celebração? Uma opção é oferecer biscoitos próprios para o bicho. “Busque por produtos que ofereçam sabor e nutrição de forma equilibrada. Já para os gatos, uma alternativa criativa é congelar patês e sachês, criando pequenas porções geladas que servem como uma recompensa saborosa. Inclusive, essa é uma forma eficiente para contribuir com o consumo de água dos pets”, sugere a veterinária.

Além disso, Mayara orienta que os tutores podem investir em enriquecimento ambiental para tornar a Páscoa mais especial para a família multiespécie.

Caça ao petisco

As crianças vão brincar de “caça ao ovo”? Os pets podem ter sua versão: a “caça ao petisco”. Esses alimentos podem ser espalhados pela casa ou pelo quintal. A família incentiva o bicho a encontrá-los. Com gatos, a dica é aproveitar as porções de patês e sachês congelados e escondê-las em locais estratégicos para que os bichanos possam caçá-los.

Outra brincadeira que pode ser organizada é criar um percurso com almofadas e túneis para fazer o pet procurar o petisco ou o sachê no final do trajeto. Também é possível utilizar os brinquedos em que são introduzidos alimentos para entreter o pet. A veterinária apenas orienta que não se deve exceder a quantidade de petiscos recomendada para os bichos.