Relaxar ao lado do cachorro vendo algo na TV é bem comum nos dias de hoje. Muitos cães podem apenas dormir. Mas alguns vão observar a tela atentamente, com olhos fixos em uma bola ou um bicho, enquanto outros vão latir para cenas com motores de carros ou toques de campainha, demonstrando desconforto. E haverá aquele que vai mudar de lugar, preferindo fugir do barulho.

Essas diferenças no comportamento têm base científica, revela um estudo da Auburn University, no estado do Alabama (EUA). Publicada na revista Scientific Reports, a pesquisa mostrou que o temperamento deles influencia a maneira como reagem à TV. De acordo com esse trabalho, cães que se animam facilmente e que são cheios de energia são mais reativos a estímulos visuais, caso de objetos em movimento. Já os mais ansiosos tendem a responder a estímulos auditivos (como ruídos urbanos), frequentemente com sinais de agitação.

Como foi feito o estudo

Os pesquisadores aplicaram um questionário online para 650 tutores de cães. Ao final, 453 bichos demonstraram engajamento claro com a televisão. Como parte do projeto, a equipe desenvolveu uma escala – com 16 perguntas – para medir as reações comportamentais dos pets a diferentes tipos de estímulos, entre visuais e auditivos. Eles eram categorizados em animais, pessoas, objetos inanimados. O método recebeu o nome de Dog Television Viewing Scale (DTVS).

A análise cruzou as respostas comportamentais com os traços de personalidade dos cachorros, entre eles ansiedade, excitabilidade e curiosidade. Desse modo, foi criada uma métrica que poderá ser adotada em futuras pesquisas sobre o efeito da TV sobre os cães.

O que eles gostam de ver?

Um achado da pesquisa é que a maioria dos pets mostra maior interesse por imagens de outros cachorros. Latidos também chamam atenção. Quase metade dos bichos que participaram do estudo reagiu à cena ou aos sons de um cão.

Já objetos em movimento, como bolas, costumam provocar reações intensas nos bichos animados. Alguns chegam a “seguir” o objeto, indo olhar atrás do aparelho. Sons não-humanos como sirenes, motores e toques de campainha despertam atenção especial nos ansiosos e nos medrosos, o que, muitas vezes, é seguido por latidos.

De acordo com os autores, os bichos de estimação estão cada vez mais expostos a telas no ambiente doméstico, seja como ruído de fundo ou por meio de programações feitas para eles, como a Dog TV. Entender como eles reagem a diferentes tipos de conteúdo ajuda a garantir o bem-estar dos pets.

Ao compreender o efeito da TV sobre os cães, tutores e veterinários podem ajustar a exposição dos companheiros peludos a estímulos audiovisuais. Para os mais sensíveis, por exemplo, longos períodos diante da TV podem ser estressantes, mesmo que pareçam inofensivos.

A pesquisa abre caminho para investigações futuras sobre como a tela influencia o comportamento animal nas casas. A avaliação de comportamentos em ambientes controlados, como laboratórios, permitirá usar a televisão como ferramenta de bem-estar de forma mais eficaz.