Perder um animal de estimação é atravessar um vazio que reorganiza a vida inteira. Cada família sente o impacto à sua maneira, mas todas esbarram na mesma necessidade: um espaço seguro para que a despedida faça sentido. Hoje, esse espaço já não se limita ao protocolo técnico. Ele envolve rituais, narrativa, reconhecimento emocional e práticas de cuidado que colocam o vínculo humano-animal no centro da discussão. É exatamente nesse ponto que empresas como a Laika Funeral Pet se destacam e também onde o meu trabalho em saúde mental no setor PetVet tem observado mudanças importantes na forma como os responsáveis (tutores) enfrentam a perda.

A psicóloga e fundadora da Laika, Natália Nigro de Sá, reforça um ponto que dialoga diretamente com minhas pesquisas e com o cotidiano clínico: rituais não são formalidades. São ferramentas estruturantes. Eles criam contornos para o que, no luto, costuma se apresentar como caos. E, quando falamos de luto pet, esse contorno é ainda mais decisivo, porque muitos responsáveis (tutores) chegam com histórias marcadas por deslegitimação, culpa ou receio de sentir demais. O rito devolve dignidade ao vínculo.

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A humanização no processo funerário pet não é excesso, e sim maturidade emocional. E, do ponto de vista técnico, não há contradição entre acolhimento e rigor. Pelo contrário. Na minha prática, vejo que o que sustenta a travessia é justamente a combinação entre protocolos corretos, transparência e uma escuta qualificada que reconhece a singularidade de cada vínculo. Serviços como o da Laika operam nesse ponto de intersecção entre técnica, ética e cuidado, o que reflete uma evolução no setor.

Nos últimos anos, o luto pet entrou no debate público de maneira inédita. As dores que antes eram tratadas como pequenas hoje são reconhecidas como perdas significativas. Nas minhas colunas, pesquisas e atendimentos, observei como a psicologia, a antropologia e o comportamento humano estão ampliando o entendimento sobre famílias multiespécie e sobre o impacto emocional da morte de um animal. Há uma mudança cultural evidente e necessária.

Essa mudança também aparece na forma como documentamos e estudamos o luto. A circulação de obras, pesquisas clínicas e narrativas autorais tem democratizado o tema, trazendo consistência teórica para algo que os responsáveis (tutores) já sabiam na prática: perder um pet desorganiza, reconfigura e exige espaço para elaboração. O mercado funerário pet, quando conduzido com responsabilidade, se torna parte dessa cadeia de cuidado psicossocial que defendo no setor PetVet.

Ao observar os rituais conduzidos pela Laika, fica evidente que estamos diante de um movimento mais amplo. A despedida deixa de ser um serviço e passa a ser uma experiência de saúde emocional. Um marco simbólico que fortalece a capacidade do responsável (tutor) de reorganizar a própria história. É uma prática que conversa diretamente com o que pesquiso e ensino: o luto não é sobre apagar, mas sobre integrar. E rituais bem construídos ajudam exatamente nisso.

O encontro entre prática funerária, ciência do luto e narrativa transforma a forma como a sociedade brasileira compreende perdas. Esse alinhamento é estratégico para que o setor PetVet avance em maturidade emocional e em práticas de cuidado baseadas em evidências, pilares que norteiam o meu trabalho.

No fim, quando rituais de despedida encontram reflexão qualificada, quem ganha é a consciência coletiva. Passamos a compreender que não existe perda menor. Toda história compartilhada merece reconhecimento. Todo vínculo merece ser honrado. E é esse tipo de cultura de cuidado que procuro fortalecer na clínica, nas empresas, nas pesquisas e nas conversas que estamos finalmente aprendendo a sustentar.