17/02/2025 - 11:17
Gatos são animais tão cativantes que têm mais de uma data para receber homenagens. Uma delas é 17 de fevereiro, quando se celebra seu Dia Mundial, especialmente na Europa. Outra é 08 de agosto, marcado como o Dia Internacional do Gato. No Japão, país em que os felinos são mais populares que os cachorros, o dia para festejar os bichanos é 22 de fevereiro. Por aqui, temos o Dia Nacional de Abraçar o Gato (04 de junho) – que também existe nos EUA – e o Dia Nacional do Gato Preto (17 de novembro).
São muitas datas para promover campanhas de conscientização pela saúde e bem-estar dos felinos e para organizar eventos de adoção. E em diversos cantos do mundo é possível celebrar essas datas e outras em espaços dedicados a esses bichos. É o caso dos cat cafés, um conceito que permite aos frequentadores interagirem com eles em momentos relaxantes, o que contribui para aumentar o bem-estar de humanos e animais. Esses ambientes são visitados, inclusive, por pessoas que não têm a companhia de um felino em casa, mas que gostariam de conviver com um.
Os cat cafés surgiram em Taipei, Taiwan, em 1998, mas se popularizaram no Japão. Hoje, esses cafés estão espalhados pelo mundo, com propostas que vão desde espaços em que os felinos são “da casa” até lugares que promovem a adoção dos bichanos em parceria com alguma ONG.
Japão
Um dos mais conhecidos no Japão é o cat café Mocha, rede com 31 unidades pelo país. A empresa dispõe de uma ampla diversidade de gatos em seus ambientes – totalmente desenhados para a diversão deles – e os frequentadores pagam por hora ou por minutos. Um dos momentos bem disputados são as horas das refeições dos felinos. Eles são considerados membros do staff e não ficam disponíveis o tempo todo. Os gatos têm turnos e, depois de um período, vão para suas casas para descansar do dia.
Alemanha
Diferentemente do Mocha, a proposta do Catnip de Berlim é ser um espaço confortável para os poucos gatos que têm em seu café. Inspirado em cafeterias vistas em Hong Kong e Singapura, os proprietários decidiram contar com apenas quatro felinos no espaço, Mister Snuggles, Simba, Furby e Princess Junko, todos resgatados. Eles têm uma área própria para onde se dirigem se não querem interagir com os humanos. E, aos sábados, há uma limitação de idade. Menores de dez anos não são admitidos no local para evitar que os gatos se estressem com o espírito animado das crianças quando estão de folga.
Estados Unidos
Nos EUA, há cat cafés espalhados pelo país. Em Nova York, um dos mais antigos e famosos é o Koneko, que se apresenta como inspirado nos estabelecimentos japoneses. Inaugurado em 2016, o espaço recebe até 20 gatos, todos para doação. Os bichanos, que ficam numa parte separada do café, ficam sob os cuidados da equipe da casa até encontrarem seus lares definitivos. Os parceiros do Koneko são as entidades Anjellicle Cats Rescue e Rescue NYC.
Brasil
Os brasileiros também podem usufruir de lugares assim. Existem espaços identificados como cat cafés em algumas partes do país. Em São Paulo, o Gato Pingado é um deles. Ele foi aberto em agosto de 2022 e tem a proposta de parceria com uma ONG para viabilizar a adoção dos felinos que ficam em uma área com jardim isolada, o gatódromo, mas que pode ser vista pelos frequentadores do café. Para entrar no cantinho dos gatos – que são tratados como residentes até a hora de encontrar um novo lar –, é preciso tirar os sapatos ou usar protetores de calçados. Até o momento, mais de 200 animais foram adotados. E, vale ressaltar, é uma cafeteria com comes e bebes que atendem diversos paladares. E é também um negócio. O faturamento da casa está em torno de R$ 100 mil por mês.
Conheça mais do funcionamento de um cat café brasileiro neste bate-papo com Sabrina Rocha, farmacêutica por formação, fundadora do Gato Pingado e tutora de dois felinos, ambos adotados.
IstoÉ Pet – Quando e como surgiu a ideia de criar o cat café?
Sabrina Rocha – A história do Gato Pingado começa com um sonho de empreender e um amor por gatos. Em 2016, comecei a pesquisar melhor sobre ter meu próprio negócio, e sempre levei comigo o amor pela gastronomia e pelos felinos. Depois de muita busca, encontrei o termo cat cafe, que na época já era muito popular na Ásia, mas que não existia no Brasil. Pensei: “esse negócio é a minha cara”. Como todo negócio, isso dependia de muita pesquisa, investimento, preparação etc. E ainda tinha um ponto a mais, que é a questão da vigilância sanitária. Fora do país, os gatos de um cat café podem ficar soltos pelo espaço de cafeteria. Demandou muito tempo entre o sonho e o projeto finalizado. O Gato Pingado nasceu em agosto de 2022, com o intuito de conectar humanos e gatos de uma maneira muito especial, seja através do café, das comidas e do momento de relaxamento com os gatinhos, e também da possibilidade de adoção e contribuição com uma causa social, que já teve mais de 200 adotados até o dia da sua abertura. O conceito foi inspirado nas cafeterias com gatos muito populares na Ásia, mas com um propósito diferente, que é também ser lar temporário e contribuir para a adoção responsável. A criação do design da marca também veio com uma ideia de lifestyle, que é hoje explorada em todo ambiente do café, e também nos produtos da marca, para gatos e humanos.
IstoÉ Pet – Quais foram suas principais referências?
Sabrina – No momento de criação da marca, avaliamos tudo que já tinha no mercado (no Brasil e fora). A ideia foi trazer um conceito que trouxesse o ambiente de café, gatos e local de trabalho de uma forma lúdica, divertida. Trouxemos muitas referências que remetem aos gatos em nosso ambiente de café, sem que a gente precise ter gatos estampados em todos os lugares. Um exemplo disso são os nossos puffs e tapetes de sisal, nossas cadeiras de cordas, nossa manta de pompons. O ápice é o vidro de interação entre o gatódromo e a cafeteria. Hoje, nós seguimos com o modelo em que os gatos são mantidos em local separado, que tem contato visual com o ambiente da cafeteria. Esses gatinhos são cuidados por uma cuidadora da casa e também assistidos constantemente por uma veterinária e uma comportamentalista parceira. Conheço outros lugares com gatos no Brasil e fora do Brasil. Acho que cada um tem o seu toque especial, o que é muito legal, e ambos contribuem para uma causa social muito bacana, que é a adoção desses felinos residentes. Eu admiro muito todos esses lugares.
IstoÉ Pet – Como funciona o Gato Pingado? O que o cliente encontra no lugar?
Sabrina – O Gato Pingado é uma cafeteria, lojinha (física e online) e espaço de coworking, que conta com um espaço de lar temporário para gatinhos de um abrigo parceiro, que é a SOS Gatinhos. Mantemos até 10 gatinhos na casa. Conforme eles são adotados, temos a oportunidade de trazer mais gatinhos. O SOS Gatinhos trabalha há mais de 20 anos resgatando gatinhos de situações de abandono e maus tratos. Eles realizam esses resgates, fazem os testes e exames necessários, castração, vacinas e enviam os gatinhos com o perfil mais sociável para o Gato Pingado. Todo domingo, às 11h, temos aula de Cat Yoga no café, que é administrada pela nossa professora da casa, a Dani. Ela acontece no gatódromo. Os alunos têm essa possibilidade de relaxamento, e a tarefa difícil de concentração. Vários gatinhos passam no seu colo ou tentam interagir com você durante a aula. Nossa loja conta com produtos originais Gato Pingado, e também algumas marcas parceiras, como Ceva, Pet Games, Woolie e Inaba.
IstoÉ Pet – A maior parte de seus clientes é gateira? Ou tem gente que gosta de todo e qualquer bicho?
Sabrina – Recebo muitos clientes gateiros todo dia no café. Eles se identificam muito com a marca e com o projeto de adoção, e adoram passar um tempo com os nossos residentes, mesmo sem a intenção de adoção. Também recebo muitas crianças, que, por algum motivo, não podem ter animais em casa. Elas adoram ter um tempo de interação com os gatinhos daqui. Outro público muito forte é o do café. Hoje, inclusive temos o café do Gato Pingado, que é muito vendido, seja por loja física ou online. Acredito que o público gateiro possui um forte senso de comunidade sim, e também acho que os gateiros têm muita afeição com a causa de adoção, visto que a maioria dos gatos pets hoje são adotados, e não comprados. Isso é maravilhoso. Um dono de gato vai sempre querer te contar mais sobre o gatinho dele, vai fazer questão de mostrar uma foto, contar uma história. Então, por mais que a gente não veja os gatinhos andando na rua com seus donos, como acontece com os cachorros, os gatinhos já representam uma boa parte dos lares brasileiros, e são levados no coração e na galeria de fotos lotada de cada gateiro.
