Comemorado em 26 de agosto, o Dia Mundial do Cachorro é uma data para homenagear os cães e reconhecer sua importância na sociedade, além de promover o bem-estar e a adoção responsável. Ela também celebra a conexão entre humanos e animais, destacando os pets como companheiros, guias, cães de terapia e até como transformadores de histórias, mesmo quando estas envolvem tristezas.

Mandela era um cachorro preto e branco cheio de energia. Um dia, numa saída para passear, ele puxou a guia com força e o peitoral que usava não resistiu e se arrebentou. Naquela hora, a tutora, Samara Silva, percebeu que o acessório não era de boa qualidade. Solto, o cão correu e foi para a rua. Foi atropelado por um ônibus e morreu na hora. O choque e a dor para a família foram extremos. Mas eles decidiram, a partir da tragédia, transformar a vida e criar acessórios seguros e resistentes para que mais ninguém passassem por uma situação como aquela.

“Esse episódio doloroso despertou em mim a necessidade de criar produtos realmente capazes de proteger os animais em qualquer situação”, contou Samara, que fundou em 2021 a Madiba Pet. O nome faz referência ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que tinha o apelido de Madiba. Quando abriu a empresa em São Paulo, junto com o marido Levi Costa, ela homenageou seu cachorro e também o líder sul-africano. O rosto do cão ganhou uma versão estilizada e virou a cara da marca.

Antes de lançar seu negócio – que produz acessórios; não apenas peitorais –, Samara tinha atuado durante anos na área de marketing em grandes empresas. Seus planos, na época, estavam em crescer no mundo corporativo. Empreender nunca esteve em mente. A virada de chave foi, de fato, após a perda de Mandela. “Para lidar com o luto, fizemos uma viagem com nosso outro cachorro, Romero, e percebemos como era difícil encontrar itens de segurança, como capas de carro e cintos de segurança”, disse a hoje empresária.

Assim, a prioridade do casal passou a ser segurança. Em 2021, ela conheceu um fornecedor de capas veiculares em que confiou. Diante da dificuldade de encontrar esse tipo de produto de boa qualidade, surgiu a ideia de começar uma revenda. “Nesse processo, descobrimos outros possíveis fornecedores e, com o talento da minha mãe como costureira, produzimos nossas primeiras peças”, revelou. Para Samara, a Madiba Pet surgiu com o propósito de unir amor, estilo e, principalmente, segurança para os animais.

Samara sofreu com a perda de Mandela, o cão que inspirou seu negócio, e decidiu oferecer ao mercado produtos seguros e resistentes. A marca faz referência ao cachorro.

Estampas com significados

Com o tempo, o casal percebeu que era preciso ter algum diferencial que fosse além da qualidade. “Em um processo de estudo e reflexão, identificamos que trazer a ancestralidade para dentro da marca, conectando-a com o próprio nome, Madiba, seria algo único. Foi assim que nasceu a coleção Africa View, com estampas cheias de significado, cores e desenhos que contam histórias”, afirmou.

O posicionamento foi fundamental para o crescimento da marca. “Hoje, estamos presentes em 55 lojas de uma das maiores redes varejistas do Brasil e já vendemos mais de 20 mil produtos”, detalhou. A Madiba comercializa seus itens pela Shopee. Recentemente, esteve entre as marcas expositoras do estande do Sebrae na feira Pet South America, na capital paulista.

Segundo Samara, a companhia teve um crescimento de 220% de 2023 para 2024. “Para dezembro de 2025, nossa projeção é ultrapassar 300% de crescimento. Atualmente, contamos com três costureiras e duas assistentes na produção, formando um time que faz tudo com muito cuidado e propósito”, completou.

Samara e Levi Costa, que abriram a empresa de acessórios, são tutores de três cães (Malcolm, Rosa e Martin), apoiam uma ONG que cuida de 100 animais e apadrinham três cachorros especiais. (Crédito:Divulgação)

Dedicação a cachorros

“Cachorreiros”, Samara e Levi continuaram a se dedicar a cães, mas não apenas os da família. Eles são tutores de três: Martin Luther King, Rosa Parks e Malcolm X – todos nomes de lideranças negras que repercutiram no mundo. A empresária está ligada também a “cães de coração”, como chama os animais abrigados por uma ONG que cuida de mais de 100 bichos.

Além de apoiar a entidade, Samara é madrinha de três cães: Biscoito, que foi resgatado em estado grave com sarna demodécica (doença de pele causada pelo ácaro Demodex, que se multiplica nos folículos pilosos e glândulas sebáceas) “e hoje é o cachorrinho mais lindo da ONG”; Moly, uma fêmea que perdeu uma perna por consequência de um câncer; e Duquesa, uma “senhorinha” que vive há anos no abrigo. “Por ser mais velhinha, quase não recebe fichas de adoção”, revelou.

Dicas para escolha de acessórios e recado a empreendedoras do mercado pet

De acordo com Samara, a morte de Mandela mostrou para a família a importância de escolher produtos de qualidade para garantir que os animais não corram riscos. “Mais do que a beleza do acessório, é a segurança que garante tranquilidade para tutores e proteção para os cães”. Por isso, ela destacou alguns pontos que tutores devem observar na hora de adquirir um produto.

  • Material – Deve ser resistente, costurado com firmeza e adequado ao porte e à força do cão.
  • Conforto – O peitoral deve se ajustar bem ao corpo, sem apertar ou causar atrito.
  • Segurança – Além do peitoral, é importante utilizar tags de identificação, guias adequadas e, no caso de viagens, cintos de segurança específicos para os pets.

“A vida dos nossos cães não tem preço. Eu sei, pela dor que vivi, o quanto pode custar caro não darmos a devida atenção à segurança e à qualidade dos acessórios que eles usam. Por isso, minha mensagem para as empreendedoras do universo pet é: nunca percam de vista o propósito. Empreender nesse setor vai além de vender produtos — é cuidar de vidas, é transformar o amor pelos animais em soluções que tragam mais bem-estar, proteção e alegria para eles e suas famílias”, afirmou.