No primeiro mês do ano, muita gente inicia seus planos de mudanças por uma vida melhor. É por isso que um grupo de psicólogos de Minas Gerais criou, em 2014, uma campanha para chamar atenção para a saúde mental, o Janeiro Branco. A ideia surgiu para promover conscientização entre as pessoas, mas ela se estendeu para os bichos de estimação. Isso porque eles também podem sofrer de problemas que afetam o aspecto emocional.

Ansiedade, fobia, compulsão e depressão não são exclusivos dos humanos. Pets também são impactados por situações capazes de alterar o equilíbrio emocional, como a perda de uma pessoa da família ou mudanças bruscas na rotina da casa. A falta de atividade física é mais um fator que pode gerar quadros estressantes ou mesmo apatia. Passeios regulares, portanto, ajudam a evitar esses males. No caso de gatos, que não saem tanto, um ambiente estruturado para que eles brinquem e se distraiam é uma boa medida.

Se o tutor tiver dúvidas quanto à saúde emocional de seu pet, ele deve procurar um médico veterinário. Para identificar sinais de que o bicho pode estar com um desses problemas, a médica veterinária Monique Beerens, do Hospital Veterinário Veros, de São Paulo, dá algumas dicas.

IstoÉ Pet – Problemas de saúde mental ou emocional estão aparecendo mais nos pets, como vem acontecendo com os humanos?
Monique Beerens – Eles são relativamente comuns. Na verdade, estão sendo diagnosticados com mais frequência. Não necessariamente são mais prevalentes.

IstoÉ Pet – Como perceber se um cachorro está tendo algum problema? E um gato?
Monique – Para ambos, a principal mudança que se observa é no comportamento. Podem ficar mais agitados, especialmente em fobias relacionado a barulhos. Tentam cavar buracos ou se esconder. Animais depressivos podem ficar muito reclusos e parar de comer, assim como ocorre no caso de perda de um familiar ou de outro pet. Alguns cães e gatos podem se mutilar.

IstoÉ Pet – O que fazer para prevenir?
Monique – Ambientalizaçāo, socialização, adestramento, reforço positivo são muito importantes, sempre que possível. No caso de perda de um familiar, não é possível, na maioria das vezes, antecipar a situação. Então, se houver sinais de alteração de comportamento, procure ajuda de um veterinário.

IstoÉ Pet – O fato de as pessoas trabalharem muito e dedicarem pouco tempo ao pet é um dos principais fatores para fragilizar a saúde mental do pet?
Monique – Parcialmente. Os pets se adaptam às rotinas de seus tutores, mas é preciso garantir a eles enriquecimento ambiental, seja com passeios, brinquedos, creche. O pet precisa ter ocupação, precisa interagir com outros animais e pessoas.

IstoÉ Pet – Quais abordagens costumam ser adotadas para o enfrentamento desses problemas?
Monique – Garanta que seu pet tenha brinquedos, ofereça novidades com frequência, estimulando a curiosidade e o sistema cognitivo dele. Dê petiscos que façam com que ele se esforce para comer. Principalmente para gatos, que são animais caçadores. É importante que cães passeiem, sintam cheiros. Isso auxilia na socialização e fortalece o vínculo com o tutor.