A recente fusão entre Petz e Cobasi, duas das maiores redes de pet shops do país, marca um novo capítulo no mercado pet brasileiro — e talvez o mais disruptivo até aqui. Não se trata apenas de um movimento empresarial de consolidação. Estamos falando de uma reconfiguração profunda no jogo competitivo, com efeitos diretos sobre preços, canais de distribuição, padronização de serviços e, principalmente, sobre a profissionalização do setor.
O Brasil já ocupa o terceiro lugar no ranking global do setor pet em faturamento. Mas, na ponta da prestação de serviços, ainda convivemos com uma grande fragmentação — clínicas, pet shops e banhos e tosa operando com processos informais, sem gestão profissional, e muitas vezes dependendo exclusivamente da figura do dono para funcionar. A fusão Petz + Cobasi pressiona esse cenário.
Ao unir estruturas, capital e conhecimento de mercado, as gigantes ganham musculatura para otimizar logística, ampliar margens, negociar com fornecedores em volumes inéditos e oferecer preços mais competitivos ao consumidor final. Isso significa que o pequeno empreendedor pet precisa — com urgência — repensar seu posicionamento.
Porque a verdade é: não é o pequeno que perde espaço — é o mal gerido. É o negócio que não acompanha processos, que não forma equipe, que não tem visão estratégica. E esse perfil, infelizmente, ainda é muito comum no Brasil. Por isso, essa fusão serve como um alerta sonoro: ou você se estrutura, ou será engolido. Não por maldade do mercado. Mas por evolução natural dele.
Ao mesmo tempo, esse cenário abre uma avenida para quem estiver preparado. Nunca foi tão necessário — e valorizado — ser especialista. Nunca houve tanto espaço para marcas com propósito, serviços premium, atendimento consultivo, experiências personalizadas. Mas tudo isso precisa deixar de ser “discurso bonito” e virar operação. Com sistema, com processo, com time treinado, com clareza de onde quer chegar.
Muitos vão dizer que o mercado está ficando injusto. Eu discordo. Ele está ficando mais exigente. E isso, para mim, é uma excelente notícia. Um setor que cresce 10% ao ano, mesmo em meio a crises, precisa de empresas maduras, comprometidas e profissionais. O que está acontecendo com Petz e Cobasi não ameaça o setor — fortalece. Obriga todos nós a sair da zona de conforto. E só cresce de verdade quem encara o desconforto como combustível.
Essa fusão não é o fim da concorrência. É o marco de uma nova fase. Mais dura, mais competitiva, mais profissional. E, para quem souber jogar, também muito mais promissora.