14/07/2025 - 17:02
Quando a temperatura baixa, uma das medidas mais adotadas pelas pessoas é colocar uma roupinha no pet para agasalhá-lo. Mas vale qualquer modelo, qualquer tecido? E passear nos dias de frio, pode? Essas são algumas dúvidas que costumam surgir na temporada de inverno. As preocupações dos tutores com seus bichos de estimação vão de norte a sul do país. Em regiões onde se venta muito, como João Pessoa (PB), uma orientação é verificar se o lugar onde o animal dorme é corredor de vento.
Em comparação a 2024 e 2023, este inverno está mais rigoroso. Portanto, a atenção com o pet deve ser maior nesta estação (que termina no dia 22 de setembro). A mudança de clima pode impactar diretamente a saúde de cães e gatos, especialmente filhotes, animais de pelo curto e os mais velhos, inclusive levando o bicho a beber menos água e até provocando dores articulares.
Confira as dicas do veterinário João Paulo de Lacerda, professor e coordenador no curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de João Pessoa, conhecido como Unipê.
– Sinais de que o animal está sentindo frio:
Geralmente, quando sentem frio, os pets tendem a apresentar menor disposição para exercícios, além de procurar lugares mais quentes. Eles ficam com uma certa “preguicinha”. Leve em consideração a raça e os pelos do seu bicho. Raças de pelo curto, como pinscher, dachshund (o popular salsicha) e pug, são mais vulneráveis. Entre os gatos, os da raça sphynx (que não têm pelos) passam mais frio. Já animais como border collie e husky, que têm pelos mais longos, são menos suscetíveis, assim como os lulus da Pomerânia, que possuem uma pelagem dupla. Eles conseguem manter a temperatura corporal de forma mais eficaz.
– Roupinhas para o frio:
Os animais podem e devem usar roupinhas, especialmente quando percebemos as extremidades corporais excessivamente frias. No entanto, é importante ter alguns cuidados: as roupas não devem dificultar que o pet realize suas necessidades fisiológicas de forma natural. O ideal é optar por modelos de algodão, que são mais confortáveis e seguros. Já as peças impermeáveis devem ser evitadas, pois podem acumular umidade no pelo dos animais, favorecendo a proliferação de fungos e bactérias. Para a limpeza de roupas, cobertas e mantas, evite o uso de produtos que não são hipoalergênicos.
– E se o pet dorme fora de casa?
É fundamental que os animais tenham um local para se abrigar do vento e da chuva, independentemente de ser época de frio ou calor. Durante o inverno, o ideal é que eles tenham o auxílio de algum tecido ou coberta para compor seu local de descanso, evitando o contato direto com o chão — especialmente em pisos de mármore, granito ou grama, que tendem a ser mais frios.
– Doenças comuns nessa época, como os males respiratórios e articulares:
Esse ponto merece atenção, principalmente em locais com grande concentração de animais. Há doenças importantes que costumam circular com mais frequência durante o tempo frio. Entre elas, destaca-se a tosse dos canis (traqueobronquite infecciosa canina), semelhante a um resfriado, porém altamente contagiosa. Os sintomas incluem tosse seca persistente, espirros e secreção nasal abundante. Nos gatos, existe a rinotraqueíte viral felina, que apresenta um conjunto de sintomas como espirros, coriza, conjuntivite, febre e diminuição do apetite. Se perceber esses problemas, leve o animal ao veterinário. Além disso, o frio pode levar a uma menor ingestão de água, favorecendo o surgimento ou agravamento de males renais crônicos. No inverno, as doenças articulares costumam se agravar. Isso ocorre porque, naturalmente, os animais tendem a se encolher para reduzir o contato do corpo com o ambiente e isso leva a um maior tempo de retração das articulações e menor fluxo sanguíneo circulando naquela região.
– Ventos e baixa temperatura persistente, algumas diferenças regionais:
Os ventos ampliam a sensação de frio. Em regiões litorâneas, como em João Pessoa (PB), é importante observar quando a temperatura diminui e os ventos aumentam. Nesse caso, o animal deve ser colocado em um local afastado dos corredores de vento do ambiente. Um exemplo de cuidado é colocar um tapete mais denso no local onde o cachorro fica. Já em regiões de altitude ou no Sul do país, onde a queda de temperatura pode persistir por dias — muitas vezes sem a incidência de luz solar por mais de três ou quatro horas —, a sensação de frio se acentua ainda mais. Nessas situações, é necessário estimular os pets a se movimentarem, mesmo que dentro de espaços pequenos, para manter a circulação sanguínea ativa e preservar o calor corporal.
– Alimentação e hidratação no inverno:
A maioria dos animais prefere a água mais fria em dias normais. Durante o inverno, porém, é importante observar se houve diminuição no consumo, principalmente entre os gatos. Nesses casos, recomenda-se oferecer água em uma temperatura entre 23°C e 25°C. Em relação à alimentação, é preciso verificar se o excesso de umidade não favoreceu a proliferação de fungos na ração. Por isso, a dica é armazenar bem o alimento em suas embalagens originais ou em recipientes apropriados, sempre bem vedados.
– Como adaptar a rotina de passeios e banhos durante a estação?
Nos dias frios, a rotina dos pets pode — e deve — ser adaptada. Por exemplo: é recomendável posicionar as caminhas dentro de casa ou até mesmo na garagem, especialmente para animais que estão acostumados a realizar suas necessidades fisiológicas durante os passeios. A frequência dos banhos deve ser reduzida. Quando for necessário, o ideal é recorrer aos pet shops, que contam com sopradores adequados para uma secagem eficaz, evitando o acúmulo de umidade na pele do animal. Lenços umedecidos também podem ser utilizados entre os banhos, desde que sejam apropriados para uso veterinário e hipoalergênicos.