O barulho intenso dos fogos de artifício neste período do ano representa um risco para a saúde e o bem-estar dos bichos de estimação e de outros animais na natureza. Mesmo que alguns municípios proíbam o uso desses produtos com estampidos, ainda são lançados muitos fogos ruidosos durante comemorações, o que afeta profundamente pets de todos os tipos.

Essas explosões podem causar pânico, estresse e prejuízos para a saúde como problemas cardíacos. E ainda há o risco de fuga dos bichos, que, assustados, querem ficar longe do barulho que perturba. A médica veterinária Stefanie Poblete, da Syntec, empresa de medicamentos veterinários, alerta para os impactos negativos e destaca os cuidados necessários para garantir o bem-estar de cães e gatos especialmente nas celebrações de Natal e Réveillon.

“O som alto e repentino dos fogos de artifício pode ser extremamente assustador para cães e gatos. A audição desses animais é muito mais sensível que a dos seres humanos, amplificando o estresse causado pelos ruídos”, disse.

Os efeitos mais comuns são medo, ansiedade, comportamentos destrutivos e perda de orientação, além de problemas efetivos de saúde. “O estresse excessivo pode desencadear alterações significativas em diversos sistemas do organismo como no geniturinário, neurológico e cardíaco, em casos mais graves”, explicou a veterinária.

Para minimizar os transtornos causados pelos, é essencial que os tutores adotem medidas preventivas. “Durante a queima de fogos, mantenha os pets dentro de casa sempre acompanhados, em um ambiente tranquilo e confortável. Fechar portas e janelas ajuda a abafar o som e diminuir a sensação de perigo. Se o animal já houver demonstrado pânico em anos anteriores, consulte um veterinário para avaliar outras alternativas “, recomendou Stefanie.

Campanhas contra os fogos barulhentos

Adotar medidas para assegurar o bem-estar do animal é, de fato, uma atitude capaz de salvar vidas. Uma pesquisa realizada pela Petlove e pelo Instituto Caramelo, feita com mais de três mil pessoas em âmbito nacional, entre os meses de novembro e dezembro, mostra a extensão do problema. Os dados orientaram a campanha “Chega de Fogos 2024”, que reforça a necessidade de conscientização sobre o tema.

Segundo o estudo, 39% dos entrevistados perderam ou conhecem alguém que perdeu seus pets devido ao pânico causado pelo estampido dos fogos. O levantamento também evidencia que os rojões são uma preocupação para a maioria dos tutores, já que 82% deles indicaram que seus animais se assustam com o barulho, sendo as reações mais comuns o bicho se esconder (71%) e ficar desorientado (60%).

A campanha da Petlove, com apoio da Ampara Animal, conta com um vídeo exibido nas redes sociais e o apoio de influenciadores, como @madaebica, @gatalunacatarina e @shiro_pit.

Instagram will load in the frontend.

Outro movimento que visa sensibilizar a população sobre os impactos negativos dos fogos de artifício, é da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF). Ela lançou a quarta edição da campanha “Diga não aos rojões e fogos de artifício com barulho”, que chama atenção para o efeito que esses barulhos exercem em pets e em pessoas com sensibilidade auditiva e sensorial, caso de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Em Brasília, uma lei proíbe a soltura de fogos de artificio com estampido. Com a campanha, espera-se que a população tenha mais conhecimento sobre isso. Flávia Amaral, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB/DF, reforçou a importância da conscientização e da empatia social. “Mesmo com os esforços de proteção das famílias, crises podem ser desencadeadas. Isso não só afeta diretamente os autistas, mas também provoca grande desgaste emocional para toda a família”, declarou.

Arthur Regis, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB/DF, ressaltou que a conscientização é uma etapa fundamental para o avanço social, além de ser um fator imprescindível ao pleno exercício da cidadania. “Cumprir a determinação legal — não utilizar ou utilizar apenas fogos de artifício sem estampido — em nada prejudica as celebrações e garante o bem-estar dos animais e das pessoas”.

Apesar da existência uma lei que, em tese, protege quem sofre com os fogos, Regis observou que “de nada adianta uma legislação que não contemple um sistema eficaz de fiscalização e punição para os infratores”. Ou seja, ainda precisamos aprimorar as medidas adotadas localmente.

Cuidados

Com a ajuda de veterinários, a OAB/DF preparou um quadro de dicas para ajudar os tutores a protegerem seus animais. Confira algumas – o material completo está no site da OAB:

• Evite deixar o animal em ambientes com janelas abertas, mesmo que tenham grades. Ele pode tentar pular e acabar caindo ou ficando preso na grade;

• Coloque no animal uma coleira com plaquinha de identificação contendo o nome e o contato do tutor. Se houver fuga, a identificação será decisiva para recuperar o bichinho;

• Não deixe o animal sozinho e trancado durante os estrondos, pois isso reforça o medo e a associação do barulho a algo negativo. Além disso, há o risco de o pet passar mal sem ninguém por perto para socorrê-lo;

• Utilize músicas específicas para animais, desenvolvidas para a audição aguçada deles, para amenizar momentos de tensão – hoje já estão disponíveis em várias plataformas de música e canais de tv.

• Certifique-se de que portas e janelas estejam fechadas, evitando acesso à rua. Muitos animais fogem, se perdem, são atropelados ou ficam expostos a outros perigos;

• Em casos de acidente ou mal-estar grave, leve o animal imediatamente ao veterinário.