25/11/2024 - 9:38
Professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Bruno Alvarenga, especialista em cães e gatos, passa para futuros tutores de felinos informações necessárias para estar pronto para levar um bichano para casa. Adotar é super importante. Por isso, é essencial prestar atenção a certos cuidados para que bicho e humano possam ter longos anos de convívio.
É possível evitar eventuais problemas futuros se forem observadas as recomendações dos veterinários. Alvarenga ressalta: “antes de adotar, é preciso ler ou ir ao veterinário para conhecer mais sobre gatos, saber sobre doenças, comportamento, expectativa de vida, gastos”. Segundo ele, desde que a sociedade passou a entender que é constituída também por famílias multiespécies, está claro que, ao se optar por ter um gato – ou um cão –, assume-se o compromisso de fornecer para ele tudo o que se exige para que viva bem. Dedique amor e tempo. E tenha em mente que ser responsável por qualquer animal implica em ter despesas de alimentação, saúde e outros gastos.
Veja as dicas para fazer a adoção e ser feliz com seu pet:
Prepare sua casa. Gatos não devem ter acesso livre à rua, a menos que ele esteja habituado a usar guias ou andar junto ao tutor (o que pode ser treinado quando filhote). Se o felino circular pela rua, pode ingerir veneno, ser atacado por outros gatos ou cães, ficar ferido, ser atropelado, pegar alguma doença por contágio com outro animal. Lugar de gato é dentro de casa. Garanta meios de evitar que ele saia: coloque telas, feche acessos. Por qualquer buraco que passe a cabeça de um gato, normalmente passa o bicho inteiro.
Leve o gato ao veterinário assim que adotá-lo para que seja feito um exame completo. O animal deve ser testado para FIV (vírus de imunodeficiência) e Felv (leucemia felina). Essas doenças são apenas de felinos. Caso dê positivo, peça as orientações específicas para cuidar do seu bicho – ele terá necessidade de acompanhamento mais atento. Se estiver tudo ok, providencie as vacinas. Filhotes e adultos têm protocolos próprios.
O principal motivo de mortes de gatos são doenças do sistema urinário. É preciso oferecer sempre água e estimulá-lo a beber. Tenha bebedouros disponíveis pela casa e lembre-se: gatos preferem água em movimento. Para mantê-lo hidratado, ofereça diariamente um alimento úmido. Se for carne, a melhor opção é dar pedaços de coração, que é rico em taurina, um aminoácido que os gatos não produzem em quantidade suficiente. Também pode-se fazer picolés de carne picada.
Gatos são caçadores. Dê brinquedos para o bichano, mas varie os itens porque eles tendem a se desinteressar se for sempre o mesmo. Produtos com fitinhas devem ser usados sob supervisão. Os felinos podem engolir linhas e fios. Há situações em que eles precisam ir para a cirurgia.
A caixa sanitária não pode ficar perto dos potes de alimentos e de água. Ela deve ser limpa todos os dias, com a retirada dos dejetos. Uma vez por semana deve ser lavada completamente. Gatos preferem usar caixas, a menos que elas não estejam em ordem. Outro problema que pode levar o felino a fazer xixi fora do seu cantinho é estar doente. Se ele estiver buscando outros lugares para se aliviar e a razão não for por causa da caixinha estar suja, procure o veterinário. Importante observar: tem outro gato? Tenha outra caixa.
Se quiser mudar o substrato da caixa sanitária, faça a troca aos poucos. Pegue outra caixa e coloque aí um pouco do novo item para o gato ir se acostumando. Vá aumentando a quantidade. Ele se acostumou? Pode substituir de vez.
Escove os dentes de seu bichano diariamente. Se for filhote, você forma o hábito. Com adultos que não têm o hábito, é mais difícil. Mas monitore a saúde bucal de toda forma. Uma dica para quem adota filhote: comece a acostumá-lo com manejo bucal, verificando rotineiramente a boca, os dentes e a gengiva. Isso vai ajudar para quando precisar dar algum remédio para ele.
Felinos gostam de rotina. Procure mantê-las. Qualquer coisa pode estressar um gato: uma reforma, uma pessoa nova na casa, a chegada de outro bicho. Quando o felino se estressa, tende a não comer direito, a não beber água. Observe também os hábitos dele. Se ele pega sol no mesmo lugar todos os dias e passou a não seguir esse ritual, investigue. Ele pode estar doente.
Mais um gato? Você pode até pensar que seu gato precisa de um amigo felino em casa, mas isso pode também estressar seu pet. Então, se for mesmo trazer mais um bichano, faça a aproximação de modo gradual. No começo, evite interações diretas. Eles podem se conhecer entre portas, protegidos pelos vãos. Os gatos vão se habituar primeiro pelo cheiro no ambiente. Faça carinho em um, encoste um paninho na boca do animal, que estará feliz, e “leve” os feromônios emitidos para o outro felino sentir. Depois de três dias nesse processo de aproximação, deixe que eles se encontrem.
Caixas de transporte são de uso individual. Elas não são compartilhadas porque têm o cheiro do animal. Para que ele não estranhe a caixa, deixa-a em seu ambiente – e aberta, para que o gato possa entrar quando quiser. Isso vai facilitar na hora de precisar levá-lo na caixa para o veterinário, por exemplo.