08/03/2025 - 14:55
Se o seu cão está constantemente com fome e tem tendência a ficar acima do peso e for um labrador, talvez seu cachorro carregue um gene associado à obesidade que foi descoberto por pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Os cientistas notaram ainda que ele também se expressa em humanos.
O gene canino mais fortemente ligado à obesidade em labradores é chamado DENND1B. Nos humanos, esse gene está igualmente associado à doença. Ele afeta uma via cerebral responsável pela regulação do equilíbrio energético no corpo e interfere em um mecanismo de sinalização que regula o apetite.
De acordo com a pesquisadora Eleanor Raffan, líder do estudo – que foi publicado na revista Science –, o gene altera a predisposição ao ganho de peso porque ajusta um sistema envolvido na regulação da fome e da quantidade de energia que gastamos.
Quatro genes adicionais foram associados à obesidade canina, mas eles exercem um efeito menor do que o DENND1B. E também foram mapeados em humanos.
“Esses genes não são alvos imediatamente óbvios para medicamentos para perda de peso, porque controlam outros processos biológicos importantes no corpo que não devem sofrer interferências. Mas os resultados enfatizam a importância das vias cerebrais no controle do apetite e do peso corporal”, disse Alyce McClellan, coautora do relatório.
Para o estudo, os cientistas recrutaram tutores de 241 labradores retrievers. A gordura corporal dos animais foi medida. A gula do cachorro foi pontuada – entre eles, estavam pets que chegavam a “perturbar” pedindo comida – e uma amostra da saliva foi coletada para os exames de DNA. Foi feita a análise genética de cada labrador. Os cães portadores do DENND1B tinham 7% ou mais de gordura corporal do que os cachorros que não apresentaram esse gene.
Outro ponto importante do estudo: os tutores de labradores com esses genes que controlaram rigorosamente a dieta e os exercícios dos pets conseguiram evitar que eles se tornassem obesos. Mas muita atenção e esforços foram necessários. Isso quer dizer que mesmo os labradores com alto risco genético para a doença não necessariamente vão desenvolver obesidade.
Os cientistas ressaltaram que a atual epidemia de obesidade humana é espelhada por uma epidemia de obesidade em cães. De 40% a 60% dos cachorros no mundo estão acima do peso ou obesos, o que pode levar a uma série de problemas de saúde.
Eles também observaram que os cães são um bom modelo para estudar a obesidade humana. Afinal, os cachorros ficam obesos por meio de influências ambientais semelhantes às dos humanos. Também os tutores com tendência à obesidade devem adotar rotinas saudáveis, com cuidados na alimentação e atividade física, para evitar os quilos a mais.