17/10/2025 - 15:00
Há sete anos, o Instituto Cão de Rodinhas, uma entidade focada na causa de pets com algum tipo de deficiência, desenvolve um calendário que celebra cachorros e gatos que superaram dificuldades e vivem plenamente junto a suas famílias, recebendo cuidados e amor. A edição 2026 acaba de sair e está disponível para venda. O produto é uma forma de arrecadar recursos para as ações do instituto e também rende um dinheiro para os astros do calendário.
Outro propósito da iniciativa é ampliar a conscientização sobre esses animais que frequentemente enfrentam preconceito e discriminação. A fundadora e CEO do instituto, Larissa Tanaka Onuki, tutora de Argos, um border collie que não move as patas traseiras, já passou por situações como essa. Segundo ela, é comum que tutores, ao levar seu pet na cadeira de rodas, ouçam comentários como “coitado”. A intenção, em geral, é demonstrar empatia. Mas ela faz questão de ressaltar que eles não são coitados. São felizes e ativos.
E por que é importante combater o capacitismo? Para evitar casos em que os animais com alguma deficiência – seja de nascença ou devido a uma doença ou acidente – sofram com o abandono ou que sejam preteridos na adoção ou ainda que sejam encaminhados para a eutanásia.
O Cão de Rodinhas procura ajudar os tutores a entenderem melhor as necessidades de seus bichos. Uma das dúvidas recorrentes das famílias que contam com um pet deficiente é sobre o uso de cadeira de rodas. Larissa explica que ela deve ser utilizada para passeio e para exercícios. Ela é só um acessório. O cão ou gato não deve ficar o dia inteiro na cadeira.
Como é organizado o calendário
Desde a primeira edição, o Instituto Cão de Rodinhas abre inscrições para pets em todo o país se tornarem modelos do calendário. A participação é gratuita e as inscrições valem para qualquer pet. O calendário é tão esperado pela comunidade de tutores que as inscrições se encerram rapidamente. Neste ano, as vagas foram preenchidas em menos de dez minutos.
Na sessão de fotos em São Paulo, IstoÉ Pet acompanhou os cães e gatos em seus preparativos para um dia de modelo. “A edição deste calendário conta com 68 pets, todos com alguma deficiência, seja sensorial, física ou motora. A gente mostra para todo mundo quanto eles são felizes. E quanto eles merecem respeito”, afirmou Larissa, que faz as fotos em São Paulo, em espaço cedido pela Petlove, uma apoiadora do trabalho do instituto. Outras sessões foram realizadas em Curitiba.
O calendário está disponível na loja do instituto no site www.caoderodinhas.com.br , que conta com outros produtos, como cartilhas e livros.
Vivendo com um pet com deficiência
A analista Elo Maldonado, tutora da cachorrinha Terra e da gata July, levou os pets para uma das sessões de foto. A primeira experiência de Elo com um bicho com deficiência foi July, que adotou quando ela já era paraplégica. Ela tinha sofrido um acidente com tronco de árvore. Um dia, decidiu adotar mais um pet com deficiência. Conversou com a família e todos toparam. “Em uma adoção dessas todo mundo tem de estar envolvido”, disse. E, assim, Terra, que também é paraplégica, se juntou à família.
Elo já participou do calendário no ano passado (para a edição 2025) e conseguiu se inscrever para o novo produto. “Ele contribui com um dinheiro que ajuda nos custeios dos pets. Muitos fazem fisioterapia, acupuntura ou precisam usar fraldas”, contou.
A empresária Andrea Luppi, madrinha de Brave, uma samoieda que sofreu maus-tratos e passou por uma amputação. Ela tinha perdido o movimento das patas traseiras devido a uma meningite e só voltou a ter qualidade de vida depois da operação, decidida com acompanhamento veterinário.
Brave tem um grupo de madrinhas que se revezavam nos cuidados com ela. Entre as despesas estão os custos de uma creche onde ela brinca com outros cachorros. Andrea era tutora de uma golden retriever, que morreu neste ano. Ela viveu o luto e depois decidiu ajudar Brave, abraçando a causa desses pets tão queridos.
