Em cores, formas e sentimentos, a artista visual Belca transforma emoção em linguagem artística. Pela segunda vez, ela integra a exposição “Art for Pets”, em São Paulo, uma mostra gratuita que leva esculturas de cães e gatos para o espaço urbanon – entre os dias 12 de novembro e 11 de dezembro, elas estarão em ruas, avenidas e parques. Mais do que estética, suas criações nascem de afeto e empatia, aproximando arte e propósito.
Nesta edição, aberta agora no Morumbi Shopping, Belca apresenta “Tropeu”, obra inspirada em sua companheira Juba, uma vira-lata que esteve ao seu lado por 14 anos. Os detalhes da escultura resgatam a memória afetiva: as manchas douradas na pelagem clara, o humor dos momentos vividos, a saudade que se transforma em gratidão.
Ao eternizar Juba em forma de arte, a artista abre espaço para refletirmos sobre como nossos animais continuam presentes mesmo depois da despedida. E aqui cabe um olhar essencial: o luto pela perda de um pet ainda é, muitas vezes, um luto não reconhecido pela sociedade, silencioso, vivido em particular, mas carregado de intensidade. Iniciativas como o “Art for Pets” contribuem para legitimar esse sofrimento, oferecendo um espaço simbólico em que a saudade ganha forma, cor e significado.

O “Art for Pets” vai além do olhar estético. Cada escultura é um convite à consciência sobre resgate, cuidado e adoção de animais. Nesta edição, a iniciativa firmou parceria com o Instituto Caramelo, ONG que atua na proteção e adoção de cães e gatos em situação de vulnerabilidade. Ao final da mostra, as obras serão leiloadas e os recursos revertidos para a instituição, fortalecendo o trabalho de quem, diariamente, defende a vida animal.
Belca, que também atua em diálogo com campanhas como Janeiro Branco, insere na sua arte a dimensão da saúde mental. Seus trabalhos lembram que os animais têm papel fundamental no nosso bem-estar: nos ensinam sobre presença, amor incondicional e autocuidado. A experiência com Juba, transformada em obra, ilustra algo que também encontramos no universo do luto pet, a possibilidade de ressignificar a dor pela criação, pela memória e pelo vínculo que permanece.
No fim, “Tropeu” não é apenas uma escultura: é a materialização de uma saudade que encontra voz na cidade. Quando a arte se abre para o espaço público, ela também abre espaço para aquilo que tantas vezes é silenciado: a dor e o amor que sentimos pelos nossos animais. O luto, quando reconhecido, deixa de ser solidão para se tornar memória viva.

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