18/12/2024 - 11:21
Em sua trajetória pela indicação ao Oscar, o filme “Ainda estou aqui”, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, avançou mais uma casa: entrou para a lista de 15 pré-candidatos na categoria Melhor Filme Internacional. Os cinco finalistas que vão disputar a estatueta serão conhecidos no dia 17 de janeiro. Até lá, a torcida se mantém forte. E entre as pessoas que estão na expectativa da indicação está a responsável pela preparação de dois cachorros que fizeram o papel de Pimpão, o cão da família de Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello) no longa.
A tarefa de escolher e preparar os cachorros que fariam parte do filme coube à criadora In-Coelum Perdigão, que treina animais e já colaborou com diversas produções, inclusive novelas. Especialista em rhodesian ridgeback, ela selecionou dois jack russells do criador Nadson Silva para o papel: Ozzy e Suri.
Para quem ainda não viu o filme, que trata do desaparecimento do ex-deputado federal Rubens Paiva pelas mãos da ditadura militar, vai um spoiler – que não compromete a apreciação da história: um cãozinho é encontrado na praia por Marcelo (Guilherme Silveira), filho de Rubens e que é o escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro de mesmo título em que se baseia o longa. Na cena, o menino leva o cachorrinho ao pai, que atende a seus apelos e permite que o bicho entre para a família. Rubens é quem dá o nome ao novo companheiro, Pimpão.
Foram quatro semanas de preparação e o trabalho deu tão certo que Walter aparece em um vídeo publicado no Instagram agradecendo o empenho de In-Coelum e dos cachorrinhos. Alguns integrantes do elenco e da produção ficaram cativados já nos ensaios e tiraram fotos com os pets.
A prova de que o trabalho foi mesmo bom veio do ator Sean Penn, que viu o filme nos Estados Unidos, durante a campanha do longa pela indicação ao Oscar. Em post no Instagram, Selton contou o encontro com o astro norte-americano. “Meu ídolo de toda a vida ficou profundamente tocado com meu trabalho. Não sei o que pensar, ganhei o dia, ganhei o ano. Me disse que, assim que Rubens surgiu na tela, aceitando o cachorro, ele se encantou imediatamente. Isso foi aumentando enquanto o filme avançava. Disse que queria ser um pai assim. Sentiu minha falta. Sentiu saudade da infância. Sentiu saudade do pai. Sentiu muito. Sentiu minha presença até na ausência. Me agradeceu por essa sensação. Isso me emocionou intensamente. Carregarei comigo para sempre”, escreveu.
De fato, a família Paiva não tinha um cachorro naquela época. A ideia de escolher um cão foi de Walter Salles, “um cachorreiro”, como definiu In-Coelum. Havia um gato, na verdade, que aparecia de tempos em tempos, ficando no escritório do ex-deputado. O nome Pimpão foi dado ao felino. A família diz que ele nunca mais visitou a casa depois que Rubens Paiva foi levado pelos militares.