30/11/2024 - 11:30
No Brasil, cerca de 30,2 milhões de gatos e cães vivem em situação de abandono, o que representa 25% da população total desses bichos de estimação. Uma mínima parte deles vive em abrigos: 7.400 felinos e 177.600 cachorros.
Os números são do “Índice de Abandono Animal”, estudo internacional encomendado pela Mars Petcare. Apresentado neste ano, o relatório jogou luzes sobre a falta de moradia e os fatores que contribuem para o alto número de animais de estimação nas ruas ou à espera de adoção. Os dados globais apontam que 1 em cada 3 pets não tem onde morar. No mundo, mais de 362 milhões de gatos e cães estão em situação de abandono.
Para chamar atenção para o problema do abandono surgiu a campanha Dezembro Verde. A iniciativa nasceu em 2015 e o mês foi escolhido porque, nesse período, muitos animais são descartados por famílias que planejaram viagens e, sem ter como cuidar de seus pets, simplesmente os deixam fora de casa, nas ruas ou em espaços públicos como parques. É nessa fase que muitos abrigos ficam lotados e precisam se desdobrar para dar conta dos bichos que chegam.
Há ainda uma situação que se agrava: a devolução de animais adotados para os abrigos onde as famílias buscaram um pet.
Abandonar animais é crime. Quem souber de um caso, pode fazer a denúncia para a polícia. A lei federal nº 14.064/20 determina, como pena para maus-tratos, reclusão de dois a cinco anos, quando se tratar de cão e gato, mais multa e proibição da guarda. São considerados maus-tratos, conforme o Conselho Federal de Medicina Veterinária, “qualquer ato, direto ou indireto, comissivo ou omissivo, que intencionalmente ou por negligência, imperícia ou imprudência provoque dor ou sofrimento desnecessários aos animais”.
O abandono causa sofrimento ao animal, podendo gerar medo, tristeza, insegurança – que pode se manifestar como comportamento reativo -, além de deixá-lo desprotegido e sujeito a fome, sede, chuva, frio, calor, brigas com outros bichos e doenças. Por isso, é importante conscientizar a população a respeito desse grave problema.
Para avaliar o quadro de abandono de pets no mundo, o estudo da Mars usou dados de mais de 900 fontes globais e locais, juntamente com quase 30 mil pesquisas públicas e 200 entrevistas com especialistas. Essas informações, coletadas pelas empresas especializadas Kantar e Euromonitor International, permitiram construir um retrato sobre a falta de moradia de animais de estimação nos seguintes países: Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Grécia, Índia, Indonésia, Japão, Lituânia, México, Nova Zelândia, Filipinas, Polônia, África do Sul, Turquia, Tailândia, EUA e Reino Unido.
Globalmente, há 143 milhões de cães nas ruas e 12 milhões em abrigos. São 203 milhões os gatos que vivem nas ruas e 4 milhões, em abrigos. Embora cada país tenha seus próprios desafios, algumas questões são comuns: problemas de saúde e de condicionamento físico para cuidar do bicho estão entre os motivos alegados para o abandono. Outros fatores como comportamento do animal, alergias na família e custos de manutenção também aparecem nos dados.
O relatório trouxe mais uma informação preocupante. Ele indicou que 15% dos tutores pensam em desistir dos seus pets nos próximos 12 meses. Quase 1 em cada 5 pessoas pensa em abrir mão do seu gato ou cachorro em função de mudança de residência.
Outro dado significativo do estudo revela que quase metade das pessoas entrevistadas disse ter perdido um animal de estimação no passado: 60% deles nunca foram encontrados.
No mundo, os tutores entrevistados relatam que cerca de 60% dos cães e 50% dos gatos são castrados. Isso significa que os demais, não castrados, podem acabar se reproduzindo sem controle, resultando em ninhadas não planejadas, agravando o problema. No Brasil, os índices são ainda mais alarmantes: apenas 28% dos cães e 53% dos gatos são castrados.