Um estudo da Universidade de Azabu, no Japão, revelou que os gatos domésticos possuem a capacidade de formar associações rápidas entre palavras e imagens, uma habilidade semelhante à observada em bebês humanos. Publicada na revista Scientific Reports, a pesquisa envolveu 31 felinos adultos que viam figuras animadas em um computador enquanto ouviam a voz gravada de seus tutores repetindo um único termo para a cena exibida. Os experimentos demonstraram que eles perceberam quando houve troca de expressões.

Os gatos que participaram do estudo estão habituados a interações com humanos. Para a pesquisa, eles foram colocados diante de um laptop que mostrava ora a figura de um sol vermelho; ora a de um unicórnio azul. Para a primeira imagem, a voz do tutor dizia “parumo”, uma palavra inventada. Para a segunda, “keraru”, também criada para o teste. As animações eram exibidas por nove segundos e as palavras eram repetidas quatro vezes.

Para que os bichanos não ficassem logo entediados, as imagens cresciam e diminuíam na tela. Era uma maneira de chamar mais a atenção do animal. O trabalho foi baseado em um experimento de linguagem já aplicado a bebês humanos com idades entre 8 e 14 meses.

Depois de uma pausa, os gatos voltavam a ficar na frente do laptop para nova rodada de imagens animadas. Porém na metade das sessões os termos eram trocados: na vez do sol vermelho, a voz gravada do tutor dizia “keraru”. A reação dos felinos foi de estranhamento, com alguns se movimentando e outros arregalando as pupilas.

A grande maioria dos gatos do estudo aprendeu cada associação palavra-imagem após duas sessões – e isso sem qualquer estímulo, como petiscos. Em um estudo feito no final dos anos 90 com bebês humanos de 14 meses, a maioria precisou de quatro lições de 15 segundos. E, no caso das crianças, cada palavra foi ouvida sete vezes, e não quatro, como ocorreu no experimento da Universidade de Azabu.

Apesar disso, o resultado da pesquisa japonesa não quer dizer que os humanos demorem mais para aprender palavras. As metodologias empregadas têm diferenças, uma delas é que os gatos foram submetidos a gravações de seus tutores. No estudo com os bebês, eles ouviram palavras entonadas por vozes de desconhecidos.

Mais estudos devem ser feitos para que possamos saber mais dessas habilidades dos felinos em fazer associações. De todo modo, está claro que eles não são assim tão indiferentes aos humanos como algumas pessoas brincam. “Os gatos prestam atenção ao que dizemos na vida cotidiana — e tentam nos entender, mais do que notamos”, declarou Saho Takagi, uma das pesquisadoras, para a revista Science.