24/10/2025 - 14:18
Soluções sofisticadas em experiências de consumo, novas funcionalidades aplicadas a produtos e design para agradar tutores e pets. Tudo isso pode ser vivido em um giro por três mercados asiáticos: Japão, Coreia do Sul e China. É o que mostra a farmacêutica Caroline Ramalho, presidente da regional do Rio de Janeiro da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) e fundadora da Tudodvet, rede de franquias especializada em manipulação veterinária. Ela participou de uma viagem técnica pela Ásia com foco em tendências e inovação no varejo pet.
Com base em visitas a lojas-conceito, fábricas e laboratórios, além de ter acompanhado o evento In Cosmetic Korea, realizado em Seul, Caroline organizou cinco tendências em ascensão no mercado asiático, com potencial real de aplicação no contexto brasileiro.
1. Pet cafés como centros de experiência e afeto
Os pet cafés asiáticos funcionam como ambientes de imersão. Neles, os animais não acompanham os tutores: eles são o centro da experiência. A pessoa visita o ambiente dos pets, que circulam livremente, em espaços temáticos, muitas vezes divididos por raça ou espécie. Há cafés especializados em huskies, em gatos de raças específicas e até em bichos exóticos. O serviço é cuidadosamente dividido: humanos comem em áreas separadas e são disponibilizados cardápios distintos (os pets têm menus próprios). A proposta transforma o pet café em ponto de destino, não apenas em apoio de consumo. É um modelo replicável para grandes centros urbanos brasileiros.

2. Snacks funcionais com estética de presente
Nos pet shops de Tóquio e Seul, snacks e suplementos não são apenas alimentos. São produtos que unem benefício nutricional, design afetivo e apresentação premium. Alguns exemplos incluem:
• Pirulitos comestíveis, formulados com ingredientes como frango, queijo, vegetais e frutas;
• Geleias funcionais, com ativos como cúrcuma e colágeno;
• Petiscos moldados como mini corações ou com símbolos gráficos, vendidos em embalagens claras e com posicionamento saudável.
Essa categoria não disputa espaço com o bifinho tradicional. Ela cria outro patamar: o da compra emocional, estética e funcional. Para o tutor brasileiro, que é altamente visual, o formato tem enorme apelo de consumo.
3. Cosméticos e dermocosméticos pet com ativos sofisticados
Na Ásia, a lógica do clean beauty e da performance dermatológica já foi incorporada ao universo pet. Ingredientes como centella asiática, cogumelos medicinais, extratos de arroz e água termal fazem parte de xampus, brumas, géis e sprays voltados ao bem-estar animal. Essa categoria se posiciona não como “produto de banho”, mas como tratamento dermatológico leve, contínuo e funcional. Há foco em microbioma, sensorialidade, efeito calmante e embalagens que comunicam confiança. Esse tipo de formulação tende a crescer no Brasil à medida que tutores buscam alternativas menos agressivas, mais naturais e mais próximas de sua própria rotina de autocuidado.
4. Varejo pet com design e storytelling
Algumas lojas visitadas se destacam não apenas pelo mix de produtos, mas pela forma como a história da marca é contada no espaço físico. Em Xangai, uma loja de estética “candy shop” transformava petiscos em objetos de desejo visual. Em Seul, boutiques funcionavam como spas urbanos com creches, day-use e serviços temporários. Essas experiências são altamente instagramáveis, com atenção à iluminação, paleta de cores, cheiro ambiente e trilha sonora. A visita à loja é parte da proposta de valor. O Brasil, que já investe em design do ponto de venda para o consumidor humano, pode expandir essa lógica para o pet, com adaptações de escala e linguagem, mas sem perder o foco em encantamento.
5. Bebidas funcionais para pets
Uma das tendências mais notáveis é a presença de bebidas líquidas voltadas à suplementação animal. São “leites” sem lactose, vendidos em embalagens similares às de achocolatados infantis, com foco em suplementação para filhotes e formulações específicas para animais com dificuldade de mastigação. No Brasil, onde a adesão a medicamentos ou suplementos ainda enfrenta barreiras de aceitação, a categoria representa uma oportunidade estratégica. Mais do que uma inovação estética, trata-se de uma resposta prática a desafios reais de adesão terapêutica. O mercado asiático entendeu que o tutor não quer apenas eficácia; quer conveniência, estética e uma experiência alinhada ao cuidado que já dedica a si mesmo. Um dos produtos é o Super Paw Pet Milk, um complemento alimentício chamado de “leite para pets”. Fabricado na Coreia do Sul, a bebida é uma fórmula livre de lactose, com ingredientes como ômega-3, taurina, glucosamina e extrato de yucca.

O olhar integrado que envolve saúde, bem-estar e apresentação mostra que esses pontos se complementam. O tutor moderno deseja soluções práticas, saudáveis e afetivas. E o mercado responde com produtos cada vez mais próximos do consumo humano em qualidade, linguagem e experiência. Segundo Caroline, o desafio do Brasil está em não perder a janela de oportunidade. Observar tendências globais é uma etapa. Traduzir, adaptar e lançar com inteligência local é o que separa quem lidera de quem apenas acompanha.
