O mês de setembro traz duas datas que se conectam de forma simbólica e necessária: o Dia do Médico Veterinário, em 9 de setembro, e o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, em 10 de setembro.

Mais do que uma proximidade no calendário, elas lembram que a saúde mental dos profissionais que cuidam dos animais precisa estar no centro das atenções. Valorizar a Medicina Veterinária também significa reconhecer seus desafios emocionais e fortalecer políticas de apoio e prevenção.

Pesquisas brasileiras mostram que médicos veterinários convivem com fatores de risco emocionais intensos: contato frequente com o sofrimento e o luto dos tutores, decisões complexas como a eutanásia, excesso de demandas e a sensação de desvalorização social.

Esse cenário favorece quadros como burnout e fadiga por compaixão, traduzidos em sintomas como insônia, exaustão, ansiedade, irritabilidade e perda de motivação.

Na minha prática, percebo que reconhecer esses sinais não é vitimismo. É o primeiro passo para uma profissão mais sustentável, em que a saúde mental precisa ser vista como parte do exercício veterinário, e não como um tema separado ou secundário.

O Setembro Amarelo nos lembra que buscar apoio faz diferença. Conversar com colegas, procurar psicoterapia, participar de grupos de suporte ou recorrer a canais de escuta como o CVV (188) são recursos que reduzem o peso do isolamento.

Toda dor emocional, porém, merece ser levada a sério e não existe um sofrimento pequeno demais para não ser acolhido. Também tenho observado como redes de apoio entre colegas e espaços de escuta segura ajudam a transformar o peso do isolamento em conexão. Pequenas práticas, como compartilhar experiências em equipe, instituir pausas no trabalho e abrir espaço para falar de emoções, fazem grande diferença no cotidiano.

Mas, o cuidado não pode se restringir ao indivíduo. É preciso olhar para a saúde mental veterinária também como tema de políticas públicas e institucionais.

Universidades, conselhos de classe e empresas do setor podem criar programas permanentes de apoio, rodas de conversa, acompanhamento psicológico e campanhas de valorização da profissão. Incluir a saúde mental dos veterinários nas agendas de saúde pública faz sentido, já que esses profissionais são parte da rede de Saúde Única, atuando na interface entre a saúde animal, humana e ambiental.

Celebrar o Dia do Médico Veterinário em setembro é, portanto, reconhecer sua relevância e lembrar que cuidar de quem cuida é também um dever coletivo.

Neste Setembro Amarelo, reforço a mensagem: falar de saúde mental é preservar vidas, valorizar a profissão e construir um futuro em que a Medicina Veterinária continue sendo exercida com ciência, ética e compaixão.