Cães e gatos passam por uma fase natural de troca de dentes de leite na infância. É como acontece com os humanos. Fora desse período, perder dentes não é normal. Nos filhotes, a troca se dá entre 4 e 7 meses, com variações de acordo com porte e raça, ensina Juliana Kowalesky, médica veterinária especializada em odontologia da rede de hospitais Pet Care.

Na fase adulta, se o pet perder dentes algo está errado. O animal pode ter quebrado um deles em uma brincadeira. Outra razão para isso ocorrer é a ocorrência de alguma doença periodontal avançada.

Mas há outros problemas sérios que podem estar relacionados. Entre as causas estão traumas, infecções, deficiências nutricionais ou mesmo tumores na cavidade oral.

Juliana recomenda que, assim que o tutor notar a perda dentária, é preciso procurar a avaliação de um médico veterinário, de preferência especializado em odontologia.

Além disso, o tutor deve ficar atento a sinais de alerta como sangramento gengival frequente, mau hálito persistente, dificuldade para mastigar ou perda de apetite, salivação excessiva e inchaço nas gengivas.

Durante a consulta, o profissional vai investigar o que causou a perda — como uma fratura ou acúmulo de tártaro — e verificar se o dente caiu inteiro ou se parte dele continua dentro da gengiva. Também irá avaliar se outros dentes foram afetados.

Idade não tem a ver

Segundo Juliana, muita gente acredita que a queda de dentes é algo natural com o envelhecimento dos pets, mas isso não é verdade. Mesmo mais velhos, os animais devem ter a dentição firme e saudável.

“Na maioria dos casos, isso acontece por doença periodontal. A gengivite é progressiva, ela evolui para a inflamação das estruturas que ‘seguram’ o dente na boca. O dente, então, fica com mobilidade, que, além de causar dor e desconforto, é um foco de infecção”, explica Juliana.

Como cuidar bem dos dentes

A escovação regular é o principal cuidado para prevenir o acúmulo de placa bacteriana e evitar o surgimento de doenças periodontais. O ideal é escovar os dentes do pet todos os dias, usando produtos específicos, de uso veterinário.

Muitos tutores enfrentam resistência por parte do bicho, especialmente quando ele já é adulto ou idoso. Por isso, é essencial que o processo para acostumar o animal à escovação tenha de ser gradual e de modo positivo.

A alimentação influencia diretamente a saúde geral do pet e isso inclui a saúde oral. Dietas equilibradas ajudam a manter dentes e gengivas mais fortes. É importante conversar com um veterinário nutrólogo sobre a melhor opção de alimentos para o pet, considerando idade, estilo de vida, porte, predisposições e histórico de saúde.

Mesmo com todos os cuidados em casa, é essencial que o pet passe por avaliações orais regulares. É aconselhável que esse check-up seja feito pelo menos uma vez ao ano. No caso de pets idosos ou com histórico de problemas dentários, a frequência pode ser semestral.

Brinquedos: ajudam ou prejudicam?

Brinquedos podem ajudar na limpeza dos dentes, mas é fundamental escolher os itens certos para não causar o efeito contrário. Produtos muito duros, como cascos e brinquedos de nylon rígidos, aumentam o risco de fraturas dentárias.

“Devemos evitar ossos naturais, ossos naturais defumados, cascos, chifres e brinquedos muito rígidos. A incidência de fratura dentária nesses casos é muito alta. Geralmente, eles quebram o dente que fica no fundo da boca. Por isso, muitas vezes a fratura passa despercebida pelos tutores, que só notam quando o paciente apresenta um inchaço na face”, conta a veterinária.

A solução não é parar de oferecer brinquedos, mas sim escolher os corretos. Juliana diz que uma dica para acertar no produto é pressioná-lo com a unha: se ele ceder levemente, deixando uma marquinha, é uma opção mais segura para os dentes do pet.